quarta-feira, 13 de abril de 2011
O Menino, a Nuvem, a Andorinha ea Amiga
O Menino, a Nuvem, a Andorinha e a Amiga
Era uma vez um Menino que vivia numa nuvem…
Não me perguntem como lá foi parar. Não sei...
Nasceu lá?... Foi em pequenino?...
Não sei… nem interessa para a nossa história.
Só sei que vivia lá e parecia feliz.
Andava sempre descalço, a nuvem era macia, fazia-lhe cócegas nos pés e isso era agradável.
Também não precisava de se vestir, quando tinha frio enrolava-se nos flocos de algodão da nuvem e ficava quentinho.
Para comer, era só chupar o ar da nuvem e ficava alimentado.
Para dormir, aquele colchão de nuvens era o melhor do mundo.
Mas, passado algum tempo, o Menino começou a andar triste, não sabia o que tinha…
Resolveu chamar a Mãe Natureza para lhe pedir ajuda. Disse-lhe: “Não sei o que tenho. Nada me falta nesta nuvem tão bonita, mas, sinto-me triste”.
A Mãe Natureza percebeu logo o que se passava: “Estás triste porque precisas de um ser vivo ao pé de ti, na nuvem é tudo bom, mas não há vida e por isso te sentes só. Vou-te ajudar.”
Saiu dali e deu logo ordem a uma andorinha que andava na Terra para que voasse para a nuvem e fosse fazer companhia ao Menino.
Ela voou, voou, durante dias e chegou muito cansada. O Menino preparou-lhe logo uma covinha, entre os flocos da nuvem, para poder descansar.
Lá se instalou e começaram a conversar. Ela falava e ele ouvia. Ela tinha muito que contar: Falou-lhe dos beirados dos telhados onde ela e as amigas faziam os ninhos para os seus filhos, disse-lhe que a Mãe Natureza na Terra era muito bonita, falou-lhe dos mares, dos rios, dos lagos, das fontes, das florestas, dos montes, dos vales, dos campos e das flores.
E o Menino ouvia e fazia perguntas e já se ria e estava mais contente.
E ela não o quis desgostar, e por isso não teve coragem para lhe dizer que na Terra também havia homens maus que estragavam a Natureza.
O Menino gostava de poder ter algumas daquelas coisas de que a andorinha falava. Então lembraram-se que ela podia ir à Terra buscar algumas sementes para semear na nuvem.
Voltou a fazer a grande viagem e regressou passado dias, carregada de sementes e muito, muito cansada. Aninhou-se no ninho fofinho e lá ficou enquanto o Menino foi semear todas aquelas sementes. Ao voltar encontrou-a feliz, no seu ninho, a chocar 5 ovinhos.
Entretanto aquela nuvem foi-se transformando. As sementes germinaram, já havia erva, flores, arbustos e árvores grandes a crescer. As crias da andorinha já tinham nascido e esvoaçavam por todo o lado, felizes. O Menino e a andorinha estavam contentes. A Mãe Natureza apareceu para lhes fazer uma visita. Ficou encantada com o trabalho que tinham feito e resolveu colaborar também. Com a sua varinha mágica aumentou a nuvem, deu um aspecto diferente às plantas e povoou tudo com animais.
Apareceu um lago com peixinhos. À volta do lago relva, depois um jardim com canteiros de flores de todas as cores, sebes, um olival, uma seara, até um pequeno laranjal e lá muito ao longe uma floresta. E por todo o lado animais. No jardim havia borboletas e um gato esticado ao Sol, atrás das sebes cavalos e vacas a pastar e um rebanho de ovelhas acompanhadas por um cão pastor. No olival havia coelhos que corriam para um e outro lado e lá longe na floresta, com certeza, muitos animais selvagens.
A Mãe Natureza também vestiu o Menino, deu-lhe umas botas, ensinou-o a fazer uma choupana e a colher os frutos para se alimentar. Depois foi-se embora e deixou o Menino e a andorinha felizes.
Só passado algum tempo é que a andorinha, que andava radiante com as suas crias, reparou que o Menino, embora não dissesse nada, às vezes, sentava-se no chão, cruzava os braços punha-se a pensar, chorava e as lágrimas caíam e desfaziam-se na relva. Ficou apreensiva. O que havia de fazer? Ele não queria falar…
Aquela tristeza durou muito tempo e a andorinha um dia resolveu ter uma conversa séria com o Menino.
“O que é que tens? Não estás contente? A Mãe Natureza ajudou-nos a fazer um mundo tão bonito, só para nós, nada nos falta e tu estás triste?”
“É verdade,” respondeu o Menino, “temos tudo o que impressiona os nossos sentidos: Vemos as lindas cores, as paisagens, os animais nossos amigos e eu vejo-te a ti e tu vês-me a mim. Ouvimos mil sons maravilhosos, o rio a correr, o vento a assobiar nas árvores, os pássaros a cantar. Sentimos o aroma das flores e o cheiro da relva acabada de cortar. Apreciamos o mel das nossas abelhas e o gosto das nossas frutas maduras. Acariciamos os nossos animais: a garupa do cavalo, a lã das ovelhas, e brincamos com os seixos redondos dos nossos rios. Pois é temos tudo isto, mas…”
“Mas quê?” insistia a andorinha admirada, “tens tudo… que mais precisas?”
“Tu não podes compreender, tens os teus filhos, a mim o que me falta…”, dizia o Menino “é alguém em quem eu possa confiar, que me possa entender e eu entendê-lo, que me possa ajudar e eu ajudá-lo, que possa rir e chorar comigo… Tu és minha amiga mas és diferente… não, não podes perceber…”
“Lá isso é verdade, não percebo nada” e a andorinha já meio arreliada, encolhia os ombros: “vocês, os Meninos são tão complicados!”
Desta vez, foi o Menino que se zangou: “Insuportável andorinha, não percebes mesmo nada. Aquilo que me faz falta, mesmo muito falta, até neste preciso momento, é um AMIGO.”
E o Menino desatou a chorar e a andorinha desgostosa não o soube consolar.
Felizmente andava por perto a Mãe Natureza e ouviu aquela conversa. Ela compreendia o Menino e para dizer a verdade até estava à espera daquela reacção.
Então disse-lhe: “Eu posso resolver o teu problema, posso dar-te uma AMIGA com quem te entendas muito bem e com quem poderás até povoar o teu pequeno planeta. Sim, tu agora já não vives numa nuvem fofinha mas num pequeno planeta, que eu e tu e a andorinha fomos criando a pouco e pouco. Mas só te dou essa AMIGA se ambos me fizerem uma promessa solene: Hão-de cuidar sempre muito bem do vosso planeta. Não haverá poluição, nem guerras, nem maldade, nem pessoas egoístas a quererem tudo só para si.”
O Menino concordou logo. Gostava tanto da sua nuvem-planeta, era mesmo o que queria, tê-la sempre impecável e viverem nela em Paz e com Alegria.
No dia seguinte, que era domingo de Páscoa, chegou a Amiga, a Menina. Veio num balão de ar quente todo enfeitado com flores e acompanhada pela Mãe Natureza. Não me perguntem donde vinha, não sei, nem isso faz diferença para a nossa história, estava ali para ser a AMIGA do Menino e tornar alegre aquele pequeno planeta.
Fizeram os dois a promessa solene à Mãe Natureza, na presença de todos os animais, e passou a ser essa a preocupação maior da sua Vida: manter o planeta limpo, arejado, produzir alimentos saudáveis, dar trabalho a todos, ajudarem-se uns aos outros, divertirem-se sem se incomodarem, enfim, serem criativos, responsáveis, alegres e diligentes.
Houve uma grande festa. Cantaram, dançaram, divertiram-se e comeram muitos ovos de chocolate. Tantos, que no fim ainda sobraram para enviar para a Terra e se espalharem por aí, pelos nossos quintais.
Prometam também à Mãe Natureza cuidar bem dela e corram a apanhar os ovos de chocolate (olhem que são de produção biológica). Juntem-nos num grande cesto para que depois os possam dividir igualmente por todos os meninos, para que todos fiquem amigos.
quarta-feira, 30 de março de 2011
A MENINA QUE AMAVA AS FORMIGAS
Como eu tenho saudades daquela pequenita, tinha 3 anos na altura, e chamava-se
Filipa. Andava ainda um bocado desengonçada, balançando o corpo para um e outro lado. Gostava de ir para o quintal. E lá ia ela, arrastando uma almofada por um dos cantos, instalar-se perto de um qualquer formigueiro e olhar para as formigas. Assim passava horas.
“Porquê Filipa? O que têm de especial as formigas?”
E ela, com a sua voz grossa, muito pausada: “Eu amo as formigas.”
Passaram-se mais de 40 anos e nasceu esta história que dedico aos meus netos filhos da Filipa.
A Menina que amava as formigas,
Com elas queria brincar…
Como fazer? Tão pequeninas,
Tinha receio de as esmagar…
Concentrou-se com atenção,
Fechou os olhos,
Encheu-se de imaginação,
Fez força a valer
E começou a encolher:
Os pés, as mãos,
As pernas, os braços,
E também o coração.
As roupas ajustaram-se,
Até as botas minguaram,
E a Menina agora pequenina,
Do tamanho das amigas,
As formigas,
Correu para o formigueiro,
Seguindo pelo carreiro,
Na esperança de encontrar
Uma amiga com quem brincar!
As primeiras a passar
Não lhe ligaram.
Sempre carregadas,
Na sua labuta iam e vinham
Tão atarefadas,
Nem se dignavam olhar…
A Menina que amava as formigas,
Que as queria ter como amigas,
Pensou, sem desanimar,
Alguma há-de vir
Alguma hei-de encontrar…
Então, a sorrir,
Lá no fundo do carreiro,
Bem perto do formigueiro,
Surgiu a Umbelina,
Uma formiga pequenina!
E a Menina…
Aproximou-se sem hesitar
E disse à formiga:
“És tu de certeza, a amiga.
Anda! Vamos brincar!”
E lá foram, de mão dada,
A correr e a saltar,
As duas encantadas,
A aventura a começar…
“Bom dia, amigas,”
Diziam as outras formigas,
“Olhem a Umbelina,
Traz uma menina,
Deixai-as passar,
Toca a trabalhar”.
E lá foram andando,
Até encontrar
Uma grande migalha
Para transportar…
Força Umbelina,
Agarra Menina,
As duas a empurrar
A migalha a rebolar…
A Menina tropeçou,
A bota resvalou,
Ai que vou cair!
De pernas para o ar,
A rir, a rir,
Lá foram a escorregar…
Menina e formiga,
Bota e migalha,
Tudo pelo ar!
Ninguém se magoou.
À entrada do formigueiro
Foram parar!
As formigas-soldados
Não as deixaram entrar.
“Vão dizer à rainha-mãe:
A minha amiga vem por bem,
Só para a visitar”
Pediu a Umbelina
A choramingar….
Depois de conferenciar
Lá as deixaram entrar!
Tantos túneis, galerias,
Salas e salões,
Cozinhas e berçários,
Celeiros e infantários,
Tudo muito arrumado,
Varrido e bem lavado.
As formigas-obreiras
São tão trabalhadeiras,
Põem tudo a brilhar,
Correm, correm, sem parar.
Lá no fundo do formigueiro,
Numa sala especial,
Num trono deitada,
Com o seu manto real,
A rainha coroada
Punha ovos sem parar
Mais de cem, mais de um milhar!
E as pobres das obreiras
Que não são mães verdadeiras,
Com ternura e carinhos,
As larvas alimentavam
E delas cuidavam,
Dando-lhes mimos e beijinhos.
A Umbelina e a Menina
Fizeram uma vénia à rainha.
E sem se desmanchar
Deram dois passos em frente,
Três para trás devagar…
A rainha sorridente,
Sem parar de desovar,
Botou discurso à altura
Com bonita faladura:
“Tu amas as formigas,
Nós te amamos também,
A nossa casa é tua…
Sempre que queiras… vem!”
Saíram dos aposentos reais.
A Menina que amava as formigas
Ama agora muito mais!
Acabou a aventura,
Mais não há para contar.
A Menina…
Concentrou-se com atenção,
Fechou os olhos,
Encheu-se de imaginação,
Fez força a valer
E começou a crescer…
Avóinha Sãozinha
Como eu tenho saudades daquela pequenita, tinha 3 anos na altura, e chamava-se
Filipa. Andava ainda um bocado desengonçada, balançando o corpo para um e outro lado. Gostava de ir para o quintal. E lá ia ela, arrastando uma almofada por um dos cantos, instalar-se perto de um qualquer formigueiro e olhar para as formigas. Assim passava horas.
“Porquê Filipa? O que têm de especial as formigas?”
E ela, com a sua voz grossa, muito pausada: “Eu amo as formigas.”
Passaram-se mais de 40 anos e nasceu esta história que dedico aos meus netos filhos da Filipa.
A Menina que amava as formigas,
Com elas queria brincar…
Como fazer? Tão pequeninas,
Tinha receio de as esmagar…
Concentrou-se com atenção,
Fechou os olhos,
Encheu-se de imaginação,
Fez força a valer
E começou a encolher:
Os pés, as mãos,
As pernas, os braços,
E também o coração.
As roupas ajustaram-se,
Até as botas minguaram,
E a Menina agora pequenina,
Do tamanho das amigas,
As formigas,
Correu para o formigueiro,
Seguindo pelo carreiro,
Na esperança de encontrar
Uma amiga com quem brincar!
As primeiras a passar
Não lhe ligaram.
Sempre carregadas,
Na sua labuta iam e vinham
Tão atarefadas,
Nem se dignavam olhar…
A Menina que amava as formigas,
Que as queria ter como amigas,
Pensou, sem desanimar,
Alguma há-de vir
Alguma hei-de encontrar…
Então, a sorrir,
Lá no fundo do carreiro,
Bem perto do formigueiro,
Surgiu a Umbelina,
Uma formiga pequenina!
E a Menina…
Aproximou-se sem hesitar
E disse à formiga:
“És tu de certeza, a amiga.
Anda! Vamos brincar!”
E lá foram, de mão dada,
A correr e a saltar,
As duas encantadas,
A aventura a começar…
“Bom dia, amigas,”
Diziam as outras formigas,
“Olhem a Umbelina,
Traz uma menina,
Deixai-as passar,
Toca a trabalhar”.
E lá foram andando,
Até encontrar
Uma grande migalha
Para transportar…
Força Umbelina,
Agarra Menina,
As duas a empurrar
A migalha a rebolar…
A Menina tropeçou,
A bota resvalou,
Ai que vou cair!
De pernas para o ar,
A rir, a rir,
Lá foram a escorregar…
Menina e formiga,
Bota e migalha,
Tudo pelo ar!
Ninguém se magoou.
À entrada do formigueiro
Foram parar!
As formigas-soldados
Não as deixaram entrar.
“Vão dizer à rainha-mãe:
A minha amiga vem por bem,
Só para a visitar”
Pediu a Umbelina
A choramingar….
Depois de conferenciar
Lá as deixaram entrar!
Tantos túneis, galerias,
Salas e salões,
Cozinhas e berçários,
Celeiros e infantários,
Tudo muito arrumado,
Varrido e bem lavado.
As formigas-obreiras
São tão trabalhadeiras,
Põem tudo a brilhar,
Correm, correm, sem parar.
Lá no fundo do formigueiro,
Numa sala especial,
Num trono deitada,
Com o seu manto real,
A rainha coroada
Punha ovos sem parar
Mais de cem, mais de um milhar!
E as pobres das obreiras
Que não são mães verdadeiras,
Com ternura e carinhos,
As larvas alimentavam
E delas cuidavam,
Dando-lhes mimos e beijinhos.
A Umbelina e a Menina
Fizeram uma vénia à rainha.
E sem se desmanchar
Deram dois passos em frente,
Três para trás devagar…
A rainha sorridente,
Sem parar de desovar,
Botou discurso à altura
Com bonita faladura:
“Tu amas as formigas,
Nós te amamos também,
A nossa casa é tua…
Sempre que queiras… vem!”
Saíram dos aposentos reais.
A Menina que amava as formigas
Ama agora muito mais!
Acabou a aventura,
Mais não há para contar.
A Menina…
Concentrou-se com atenção,
Fechou os olhos,
Encheu-se de imaginação,
Fez força a valer
E começou a crescer…
Avóinha Sãozinha
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