Diz a rã para a maçâ:
Gosto de ti, tu és sã,
Podias ser minha irmã!
Responde a maçã, matreira:
Tu vives na ribeira...
Eu, moro na macieira!
Tu andas a saltar...
Eu, cá em cima a vigiar!
Tu coaxas noite e dia...
Que dor de cabeça!... Que arrelia!...
Que queres tu mais?
Somos mesmo desiguais...
Volta a rã a coaxar:
As duas podíamos bailar...
Comer e beber... rir e chorar...
E a maçã, toda doutoral:
Tu és um animal...
E eu? Sou um vegetal!
Eu nasci duma flor!
E tu? Dum girino... que horror!
Quando esta conversa decorria,
Veio uma grande ventania...
O vento cheio de força soprou,
Por entre as árvores rodopiou,
E até a ribeira encrespou!
A rã toda encolhida,
Entre as pedras escondida.
Conseguiu escapar
Para nos poder contar:
A desdita da maçã:
O vento a empurrou,
Para o chão a atirou,
E ela por ali ficou,
A envelhecer...
Até apodrecer...
E a rã chorou.
Não era vingativa.
Teve pena da maçã:
Coitada, tão emproada!
Não lhe valeu de nada!
Serra da Anmoreira, 16 de Julho de 2008
Para a minhas netas, que não são vaidosas,
como a maçã da história
Da Avóinha Sãozinha
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