sexta-feira, 19 de setembro de 2008

POBRE PAPOILA

A papoila!...
Que moçoila tão bonita!
Saia rodada
Bem encarnada,
Cabeça preta, azulada!
Tantas no campo,
Tantas, sem fim...
Quem me dera ser papoila?
Não, não, pobre de mim...

Sempre agarrada ao chão,
A tremelicar,
Sem chegar às amigas,
Sem poder falar, cantar cantigas,
Sem beijar, sem amar,
Sem rir nem chorar.

Ao sentir a tempestade
Não se poder libertar,
Não saber o que é querer
Defender a liberdade...

A papoila nasce, cresce,
Transforma-se, dá semente,
Cai na terra e floresce,
Surge nova papoilinha
Sem a Mãe a conhecer...
Nem a ver crescer...
Pobre papoila!


Para as minhas netas mais velhas: Inês e Margarida

Serra da Amoreira, Maio de 2007
Da Avóinha Sãozinha

O MEU CAVALO “BOLACHA MARIA”

Eu gosto tanto do meu cavalo...
Do meu cavalo “Bolacha Maria”.

Corro com ele noite e dia,
Sem descanso e sem parar,
Sempre a andar... e a sonhar...

Corremos nas pradarias,
Mas também no meu quintal,
Basta-me fechar os olhos, e ver
O meu cavalo a correr...

Corre tanto como o vento,
O vento da imaginação,
Leva-o longe o pensamento,
Voa com o meu coração!

O cavalo é o meu segredo,
Ninguém mo pode tirar
Já não sei o que é ter medo:
Nem de monstros ao luar,
Nem foguetes a estoirar!

Meu querido“Bolacha Maria”
Queria nunca te perder,
És a minha companhia
Aconteça o que acontecer...

Serra da Amoreira, Janeiro de 2008Para os meus netos mais velhos da Avóinha Sãozinha

O ROSEIRAL DO MEU QUINTAL

No meu quintal
Há um roseiral!

Rosas lindas, rosas belas,
Brancas e amarelas.
Rosas rosas, rosas vermelhas,
Umas novas, outras velhas,
Rosas negras e lilazes,
Rosas tímidas e audazes.
Todas são as minhas rosas!
Umas humildes, outras vaidosas...

Gosto de cuidar delas,
De regar a roseira Mãe,
Sem ela, as minhas rosas
Nunca seriam ninguém!

Matar os pulgões, os bichinhos,
Cortar as velhas e as doentes.
Tratá-las com muitos carinhos,
Como se, como eu, fossem gente.

E elas são minhas amigas,
Parece que conversamos
Que cantamos cantigas,
Às vezes até rezamos,
Padre Nosso, Avé Maria,
Graças, meu Deus, por este dia...
.
Passa por mim a felicidade
Trago as rosas no coração
Há paz e serenidade,
É esta a minha oração.


Pedrógão de S. Pedro, Maio 2007
Maria da Assunção Ferraz de Oliveira

domingo, 7 de setembro de 2008

HISTÒRIA DOS MENINOS COM NOMES DE NÙMEROS

Eu conheço 3 meninos muito amiguinhos,
Andam na mesma Escola e são uns diabinhos!
O mais velho – o 1,2,3 – toca piano e fala francês!
O do meio – o 4,5,6 – faz o pino e gosta de reis!
O pequenino – o 7,8,9 – usa botas sempre que chove!

Todos os dias vão para a Escola e o Sr. Professor
- o Professor 10 – vira-os do avesso da cabeça aos pés.

1,2,3 – presente
4,5,6 – estou aqui
7,8,9 – cuí, cuí, cuí

Vamos a escrever,
A contar,
A recitar,
A fazer o pino,
A dançar,
A fazer contas,
E a descançar...
E assim se passa o dia!
É uma alegria!

E ao fim da tarde:
1,2,3 4,5,6 e 7,8,9 dizem adeus ao Professor 10 ,
E a caminho de casa é um reboliço de mãos e pés!



Maria da Assunção Ferraz de Oliveira
Pedrógão, 20/9/96

PARA O TOBIAS

Oh Tobias, tu assobias?
Eu gosto muito de assobiar...

Vxssi, Vxssi, Vxssi ... iuiu...iuiu...iuiuuuu ...

Assobiar é como cantar:
Se estamos tristes, limpa o coração.
Se estamos alegres, ficamos mais leves.
Se queremos dormir, assobiamos baixinho.
Se queremos acordar, que grande assobio!
Que se ouve em todo o bairro, até ao Rossio!

Assobiar, assobiar, assobiar ...

Oh Tobias assobia, assobia,
Assobia noite e dia.
A vida é bela Tobias,
Esquece os males e as agonias ...
Assobia mais , Tobias!



Maria da Assunção Ferraz de Oliveira
Fevereiro de 2007

LENGA-LENGA

Já aqui estou,
Já aqui vim,
Qu'é feito de mim?

Sou menina?
Sou rapaz?
Sou quem o jogo traz.

A saltar,
A correr,
Ando sempre a remexer.

Estão as bolas no chão.
Quem as irá apanhar?
O grande espertalhão
Que por aqui passar!

Um, dois, três,
Sai, é tua vez.
Tenho muita pena,
Um, dois, três.


( Para os meus netos tirarem as sortes)

Serra da Amoreira, Junho de 2007

Da Avoínha Sãozinha

ALCACHOFRA E ATAFONA

Burrinhas e burrecas,
Gatos e perús,
Ovelhas e marrecas,
Tudo me bate à porta...
Ai! Meu bom Jesus!

Tudo me bate à porta...

A quem vou eu abrir?
A umas meninas bonitas
Que não param de sorrir,
Alcachofra e Atafona
Duas burritas... tão catitas!

Alcachofra e Atafona...

“Entrem, por favor,
Quero saber quem são.”
Respondem, com amor:
“Somos as burras felizes
Dos netos Vasco e João.”

“Vivemos na Silveira,
Corremos no prado
Sem eira nem beira”

Eu, Alcachofra,
Sou grande e esbelta,
De pelo castanho, bem cortadinho,
Quando troto no prado
Pareço um cavalinho!”

“Eu, Atafona,
Sou a mais menina,
Tenho caracois,
Um tufo na cabecinha,
E quando me mexo
Não perco a linha”

Bateram-me à porta,
Deixei-as entrar,
Na minha cabeça
Vieram morar...
E eu feliz a pensar:
Na filha, nos netos, nas burras...
E o tempo, em mim, a passar...



Para os meus netos
Vasco Maria e João Maria

Serra da Amoreira, 1/4/2007

Da Avóinha Sãozinha

A PATA QUE PUNHA OVOS DE POMBA

A pata punha ovos de pomba,
A pomba punha ovos de pata …

Os filhotes:
Patos, patinhos, patarecos,
Pombos, pombinhos, pombecos,
Brincavam no quintal
E era um arraial !

Os patinhos diziam: “minha Mãe pomba”
Os pombinhos clamavam: “minha Mãe pata”

E naquelas brincadeiras
Só se ouvia:

“Pata pomba, pata pomba,
Pomba pata, pomba pata,
Pata pomba pata, pomba pata pata …”

E os meninos embalados naquela gritaria …
Caíam a dormir … até ao outro dia!


Para as primeiras leituras dos meus netos
Vasco Maria e Pedro Maria

Pedrógão de S. Pedro 19/02/2007
Da Avóinha Sãozinha

O MEU CAVALO ” BOLACHA MARIA”

Não é por laracha
Que o meu cavalo
Se chama Bolacha,
De apelido Maria:
O “Bolacha Maria”!
Que alegria!...

Chama-se “Bolacha Maria”
Porque eu gosto de bolachas.
E assim, durante o dia,
Penso nas bolachas...
E monto... o “Bolacha Maria”!

O meu “Bolacha Maria”
Corre e salta com alegria,
Leva-me por montes e vales,
Livra-me de todos os males!

Com ele, às vezes, sou Rei!
Outras vezes mosqueteiro,
Bato-me pelas damas,
Gosto de ser guerreiro!

Sabe fazer cortesias,
Até sabe tourear
Na minha praça de touros
Comigo a cavalgar!...

O meu “Bolacha Maria”
É a minha companhia,
É o meu segredo,
A minha imaginação,
Com ele não tenho medo...
Sou um belo capitão!


Para os meus netos mais pequenos

Serra da Amoreira, Janeiro de 2008

Avóinha Sãozinha

SOU PORTUGUESA

“Je suis portugaise”,
Vou à escola “française”...
Um, dois, três é “un, deux, trois”
Uma carteira de madeira é “une pupitre en bois”.
Adeus minha Mãe ... “au revoir maman”,
Bom dia meninos ... “Bon jour gamins”,
Que linda professora ... “comme elle est belle”,
Ela me ensina ... “beaucoup de nouvelles”!

Ao fim do dia
Eu volto a casa,
Que alegria!
Pai, Mãe, manos, avó, tia ...
Todos falam português!
Parece magia.

E a menina que eu sou,
Que a todos quer bem,
E aprende na escola em francês,
Diz baixinho ao ouvido da Mãe:
O meu coração é só português!

Serra da Amoreira, Setembro de 2007
Para a Beatriz, na sua 1ª classe no “College St. Michel”

Da Avóinha
Sãozinha

PERU VELHO, BICHA GATA E COBRA LAGARTA

Peru velho não tem dentes
Mas continua a comer...
Bicha gata sem bigodes
Tem sempre que dizer...
Cobra lagarta muito “chata”
Não sabe onde se esconder...

Os três combinaram ir passear:

Fizeram desacato, E vem a guarda...
Perderam o sapato, Vai tudo p’rá esquadra,
Pintaram a manta, Toca a prender
Tudo se espanta! Até ao sol nascer.

E ao amanhecer, regressam a casa:

Peru velho tossia,
Bicha gata gemia,
Cobra lagarta sofria...
Era uma alegria!

Alegria? Só para rimar,
Os três amigos não paravam de chorar,
Por fim, arrependeram-se e foram jantar!...



Maria da Assunção Ferraz de Oliveira
Março de 2007

PALAVRAS PEQUENINAS

Gosto muito das palavras pequeninas...
Daquelas que se dizem mesmo a brincar:

Gato, Pato, Rato, Fato e Sapato
Que espalhafato! Toca a andar...

E se trocar tudo? Como fica a festa?

Sapato, Gato, Rato, Fato e Pato
Que barafunda! Já viram esta?

Na minha cabeça tudo se põe a dançar...
E sai uma história para contar:

“Era uma vez um Pato, amigo do Rato
Que não tinha Fato, brincava com o Gato
Que lhe atirava o Sapato... até se cansar...”

E agora é a tua vez de imaginar...

Maria da Assunção Ferraz de Oliveira
Fevereiro de 2007